CENTRAIS SINDICAIS NÃO CONSEGUEM ABAFAR O GRITO DAS RUAS

CENTRAIS SINDICAIS NÃO CONSEGUEM ABAFAR O GRITO DAS RUAS

Quais manobras estão em articulações pelas centrais sindicais em nome das mudanças e dos avanços político-sociais? O movimento do dia 11, comandado por essas representações que não cumprem adequadamente com suas finalidades, e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), significou apenas a festa da democracia subsidiada pelas desgastadas forças políticas que não se conformavam com as inquietações que marcariam o país e com as propostas apresentadas pela força das ruas. Em verdade, as centrais sindicais não apresentaram nada de novo além da grande balela já esperada.
Com o tema "Pelas liberdades democráticas e pelos direitos dos trabalhadores", as reivindicações consensuais incluíam a redução das tarifas e melhoria da qualidade do transporte coletivo; mais investimentos em saúde e educação públicas; contra os leilões das reservas de petróleo e em defesa do patrimônio público; fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias; redução da jornada de trabalho e contra o PL 4.330 (que regulamenta a terceirização); reforma agrária, além de greves e protestos.
O movimento de 17 a 24 de junho disse que o sistema democrático não corresponde às expectativas do povo. Foi o reflexo do desgaste da forma de fazer política, o desgaste de políticos e de instituições, contra a inflação, o desvio de verbas, os fichas sujas, os mensaleiros condenados ainda em liberdade e a rejeição a partidos políticos. Evidente que essa temporada de fúria e descontentamento resultou em novas demandas, com ações imediatas de governantes e políticos para atender as reivindicações, e, também, para um realinhamento entre a nova cultura política da sociedade e o velho e desgastado sistema político.
Os nossos representantes no Parlamento detestam a idéia de reforma política proposta pela presidente Dilma. Em nome da enrolação, da trambicagem, o grupelho da negociata, da canalhice, da sinecura, não vai ceder um milímetro de suas mamatas. Quem acompanha os desdobramentos políticos sabe como o Senado reagiu diante da proposta de por fim à figura do senador suplente, aquele desconhecido e inútil que se elege sem voto e normalmente é parente ou amigo do titular, como no caso do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que tem a esposa Sandra Braga na 1ª suplência. Uma excrescência!
As inquietações populares que marcaram o país em junho deixaram os políticos sem entender o caráter social da manifestação. Queriam entender porquê não tinha o formato clássico de manifestação organizada de um partido, sem palanque, sem liderança. Queriam saber qual era a principal reivindicação, quem estava organizando o fenômeno do enxameamento da população que mostrava aos donos do poder que democracia não é só votar, que democracia é ser capaz influenciar o sistema político numa determinada direção, que as prioridades devem ser transparentes, que as prioridades têm de ser discutidas publicamente e devem ser levadas em conta.
O movimento das centrais sindicais do dia 11 mostrou que as passeatas espontâneas não tinham um "foco claro", ficou evidente que as aglomerações dos sindicalistas de carteirinha e já nasceram desfocadas. Seus líderes (?), com distintas colorações partidárias, fazem parte desse modelo de representação esgotado, apodrecido, corrupto e inútil. Criaram uma greve geral chapa branca e, no palanque, insistiam em suas palavras de ordem completamente extemporâneas, sob o comando do establishment e seus prepostos.
Depois de uma pequena esfriada nas manifestações das ruas, deputados e senadores começaram a trabalhar mais devagar, dando sinais de desinteresse pelo cumprimento de suas obrigações. A presidente Dilma garante que está ouvindo as vozes pela mudança e tenta conviver com os seus maiores adversários neste momento, que são a perda do encanto e o pavor do PT e da base aliada diante da perspectiva de perda de poder, de verbas, cargos, carros, viagens, secretárias e da perspectiva da redução dos ministérios. A questão principal parece ter emperrado, que é a proposta de transformar a corrupção em crime hediondo.
Cabe a todos nós ficarmos atentos aos novos instrumentos de repressão que o sistema político queira impor contra as ruas através da Força Sindical, CUT, CTB, UGT, NCST, CGTB, CSP, CSB e UNE, instituições ligadas ao PT e PCdoB. Eles já foram avisados pelo grito das ruas.

Por: Garcia Neto

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