A DESCARADA INUTILIDADE MUSICAL

François Guizot disse que só a boa música oferece à alma uma verdadeira cultura íntima e deve fazer parte da educação do povo. Verdade. Sabe-se que em países que nem o Brasil, até os dias de hoje ainda não ficou bem definido o que é boa música e o que é bom gosto musical. Prevalece a massificação das inutilidades musicais construídas pela mídia publicitária para vender porcaria e mais porcarias.
Com origem no Blue e de estilo musical ligado a polêmicas, preconceitos e estereótipos difamadores, o Heavy Metal continua vitima de preconceitos. Mas esses preconceitos se estendem às belas músicas de Beethoven, Verdi, Cláudio Santoro, Bob Dylan. Penso não tratar-se de saber se boa música ou péssima música pode ser medido pela singeleza da melodia ou pelo excesso de ruídos sonoros de grupos musicais.
Evidente que há quem não goste de Bob Dylan, o que não diminui em nada a sua grandeza artística. Isto não daria conta da complexidade de uma bela obra musical como “Simple Twist of Fate“, que poucos teriam repertório para apreciar a delicadeza existencial que perpassa os seus versos. Outro exemplo de estilo musical com tamanha complexidade lírico/temática é a banda Iron Maiden, tida como uma das maiores referências em variações de músicas seguindo temáticas históricas.
O mau gosto musical no Brasil é uma tormenta insustentável, bancado às escancaras pela mídia, tudo porque o brasileiro, por ter uma educação defasada, não tem a capacidade de construir uma opinião própria e aceita esse golpe publicitário pelas grandes gravadoras. As músicas de sucesso no Brasil são sempre resultado dessa maquiagem que resulta na dancinha contratada do Neymar para valorizar a música do Michel Teló ou de origem televisiva de tema de alguma novela global.
Quando lidamos com problemas e não solucionamos, eles tendem a aumentar. A história revela que a música ruim sempre existiu no Brasil, porém, nunca recebeu tanto destaque como nos dias atuais. Desde o crescimento do Axé com “É o Tchan”, a música de gosto duvidosa ganhou destaque, notoriedade e força, ficou mais evidente que as músicas de boa qualidade.
Canais de televisão abertos, DJs e rádios FM são os maiores incentivadores para o péssimo gosto musical. E haja saco, paciência e esforço sobre humanos para suportar, mesmo por alguns segundos, uma Joelma (Banda Calypso), um Latino ou o Michel Teló, Luan Santana, Os Bambas, Calcinha Preta, Tsunami, Gabi Amarantos, entre outras imundícies do atual cenário musical brasileiro.
Excelentes músicos ficam de fora da grande mídia, fazem sucesso no exterior, entre eles Liriel Domiciano, Rinaldo Viana, Agnaldo Rayol, Robson Monteiro, Kelly Moore, Alexandre Arez, Jessé (in memoria), André Matos (ex-Angra), Humberto Sobrinho (Glory Opera) e agora, Érika Rodrigues.
Conforme afirmou François Guizot, só a Educação será capaz de promover a transformação, trabalhar a sensibilidade e criatividade humanas por meio do contato com a linguagem artístico-musical, visando a formação do cidadão, capaz de contribuir ativamente com as mudanças socioculturais necessárias para o desenvolvimento de uma boa percepção auditiva e memória musical.
Espera-se que um dia a juventude tome consciência da imbecilidade que são essas músicas e coloquem-nas no lugar aonde deveriam estar: no lixo! Parafraseando Arnaldo Jabor: A esperança do jovem não pode mais ser detida pela reação de toda essa imoralidade.
POR: GARCIA NETO